Bancos digitais encerram contas e dificultam devolução de dinheiro, denunciam clientes

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Casos de contas encerradas unilateralmente e demora na devolução dos valores têm gerado indignação entre usuários de fintechs como Nubank e outros bancos digitais

Nos últimos meses, consumidores de todo o Brasil têm relatado uma situação alarmante envolvendo bancos digitais: o cancelamento unilateral de contas correntes com valores ainda depositados, seguido de um processo lento e burocrático para a devolução do dinheiro.

As reclamações vêm se acumulando em redes sociais, sites de defesa do consumidor e até na imprensa, especialmente envolvendo instituições como o Nubank, uma das maiores fintechs do país. Segundo relatos, o banco digital, ao encerrar a conta de um cliente muitas vezes sem aviso prévio ou justificativa clara  solicita que o titular informe uma conta bancária de mesma titularidade para a devolução do saldo existente. Contudo, inúmeros consumidores afirmam que, mesmo após fornecerem os dados corretamente, a devolução não é realizada.

“É sempre a mesma resposta: eles dizem que a conta informada está errada ou que não conseguiram fazer a transferência, mesmo eu tendo enviado todos os dados certinhos. Já se passaram mais de dois meses e nada do meu dinheiro cair”, afirma a vendedora Mariana Souza, de Recife, que teve sua conta encerrada sem explicações e enfrenta dificuldades para recuperar pouco mais de R$ 1.500.

Falta de transparência e prazos longos

A falta de comunicação clara e os prazos estendidos para a devolução dos valores chamam a atenção de especialistas em direito do consumidor. De acordo com o advogado André Vasconcelos, é obrigação da instituição financeira garantir o acesso do cliente ao seu próprio dinheiro, ainda que a conta seja encerrada.

“Não é razoável que o consumidor fique sem acesso a recursos que lhe pertencem, sob alegação de erros na transferência, especialmente quando há provas de que as informações bancárias foram enviadas corretamente. Nestes casos, o consumidor pode acionar o Banco Central, o Procon e até mesmo recorrer ao Judiciário para garantir seus direitos”, explica Vasconcelos.

Algumas vítimas relatam que, além do transtorno emocional e financeiro, enfrentam uma verdadeira maratona para conseguir respostas concretas. Muitas vezes, os canais de atendimento das fintechs se limitam a mensagens automáticas ou prazos imprecisos, sem que haja solução efetiva para o problema.

O que diz o Nubank?

Procurado para comentar o assunto, o Nubank afirmou, por meio de nota, que o encerramento de contas pode ocorrer em casos de inconformidades cadastrais ou suspeitas de atividades fora da política da empresa, e que o cliente sempre é orientado sobre os passos para o resgate dos valores. No entanto, a empresa não comentou os casos de demora excessiva ou devoluções não concluídas.

“Temos como compromisso garantir que todos os clientes recebam seus valores de forma segura e rápida, seguindo a regulamentação vigente”, diz um trecho da resposta oficial.

Especialistas recomendam cautela

Diante do aumento desses relatos, especialistas orientam que consumidores mantenham sempre um controle rigoroso de extratos e comprovantes de saldo, além de guardar todos os registros de comunicação com o banco digital. Caso o problema não seja solucionado, o cliente pode recorrer ao site Consumidor.gov.br, além de órgãos como o Procon e, em último caso, ingressar com uma ação judicial.

Enquanto isso, histórias como a de Mariana continuam a se multiplicar. “A gente confia nessas empresas digitais porque tudo parece mais simples e moderno, mas quando dá problema, ninguém resolve. Estou sem meu dinheiro e sem resposta até hoje”, desabafa a cliente.

A situação acende um alerta sobre os desafios do relacionamento com bancos digitais, especialmente quando o atendimento humano e a transparência ficam em segundo plano.

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